segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dia Nacional do Saci-Pererê será comemorado em dia 31 de outubro



Dia Nacional do Saci-Pererê será comemorado em dia 31 de outubro

Em Florianópolis, a Celebração do Dia Nacional do Saci-Pererê será no dia 31 de outubro, quarta-feira, das 16h30 às 18h30, na Esquina Democrática, em frente à igreja São Francisco. A promoção é do Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal do Estado de Santa Catarina (Sintrajusc), com apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc) e da Revista Pobres & Nojentas.

A lenda é assim! Basta que exista um bambuzal e, de repente, de dentro dos caniços, nascem os sacis. É como eles vêm ao mundo, dispostos a fazer estripulias. Conta a história que esses seres já existiam bem antes do tempo que os portugueses invadiram nossas terras. Ele nasceu índio, moleque das matas, guardião da floresta, a voejar pelos espaços infinitos do mundo Tupi-Guarani. Depois, vieram os brancos, a ocupação, e a memória do ser encantado foi se apagando na medida em que os própriospovos originários foram sendo dizimados.

Quando milhares de negros, caçados na África e trazidos à força como escravos, chegaram no já colonizado Brasil, houve uma redescoberta. Da memória dos índios, os negros escravos recuperaram o moleque libertário, conhecedor dos caminhos, brincalhão e irreverente. Aquele mito originário era como um sopro de alegria na vida sofrida de quem se arrastava com o peso das correntes da escravidão.

Então, o moleque índio ficou preto, perdeu uma perna e ganhou um barrete vermelho, símbolo máximo da liberdade. Ele era tudo o que o escravo queria ser: livre! Desde então, essa figura adorável faz parte do imaginário das gentes nascidas no Brasil.

O Saci-Pererê é a própria rebeldia, a alegria, a liberdade. Com o processo de colonização cultural via Estados Unidos – uma nova escravidão - foi entrando devagar, na vida das crianças brasileiras, um outro mito, alienígena, forasteiro. O mito do Haloween, a hora da bruxa e da abóbora, lanterna de Jack, o homem que fez acordo com o diabo.

A história é bonita, mas não é nossa. Tem raízes irlandesas e virou dia de frenéticas compras nos EUA e também no Brasil. Na verdade, a lógica é essa. Ficar cada vez mais escravo do consumo e da cultura alheia. Jeito antigo de colonizar as mentes e dominar. É por isso que a Pobres & Nojentas quer recuperar o Saci, o brasileiro moleque das matas, guardião da liberdade, amante da natureza que hoje está ameaçada de destruição.

Queremos vida digna, um país soberano na política, na economia, na arte e na cultura. Cada região deste Brasil tem seus próprios mitos. Caipora, Boitatá, Curupira, Bruxa, Negrinho do Pastoreio... São os amigos do Saci que estão presentes na atividade do Dia do Saci Pererê, saudando e buscando a liberdade.

Mais informações: Elaine Tavares – 48-99078877 via Facebook

Página do evento no Facebook



Alexandre Mury

Alexandre Mury trabalha auto-retratos, a partir de releituras de ícones, da pintura, escultura, cinema, literatura e outras referências da cultura universal usando a fotografia como suporte. O artista fotografa desde os 16 anos e realizou sua primeira exposição coletiva importante em 2010 no MAM-RIO (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), fazendo parte da coleção de Gilberto Chateaubriand.

Nascido no estado do Rio de Janeiro, no dia 13 de janeiro de 1976 é um artista por vocação, desde criança desenhou e pintou. A fotografia como expressão vem legitimá-lo como artista a partir do momento em que começa a ter suas primeiras obras na coleção de renomados colecionadores brasileiros de arte como Joaquim Paiva. Através da livre interpretação recontextualizada, lúdica e intrigante faz ressignificar célebres criações eternizadas e convida para repensar os clássicos. O caráter performático, a auto-direção, a escolha e produção de figurinos e cenários esquadrinham o estilo, inventividade e habilidades de um multiartista. A auto-imagem e o discurso do “eu” orientam a unicidade no conjunto de uma obra bastante eclética. O improviso e a visão alegórica remetendo as coisas do Brasil com uma estética vernacular e peculiar no trabalho do artista que explora o contexto contemporâneo mundial de reciclagens e releituras.

Conheça mais sobre o artista clicando aqui.

Foto: Alexandre Mury "como" Dr. Gachet, pintado por hospedagem de site grátis Van Gogh (1890) atualmente exposto no Museu D'Orsay (Paris/França)

domingo, 28 de outubro de 2012

Instituto Amarakka: amigos e amigas dos Txai no sul do Brasil



TXAI

Discussões sobre formação do Instituto AMARAKKA
29 de Outubro às 18h30
Transferido para a primeira semana de novembro: aguardem
Auditório do Depto. Arquitetura da UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina
Campus Trindade
Florianópolis/SC/Brasil

Convidando os amigos de Florianópolis e vizinhança para neste 29 de Outubro às 18h30 comparecem ao Auditório do Depto. de Arquitetura da UFSC, no Campus, para conhecerem, compartilharem e participarem das discussões sobre a Associação de Juventude Hunikuin do Jordão - AJHJ (Joel Pereira Txana Txanu) , a ASKARJ e Federação Hunikuin do Acre, relativas à criação de uma conjunção de amigos e amigas dos Txai aqui no sul do Brasil formando o Instituto AMARAKKA, com essa ação:

a) Balizar juridicamente, com as garantias dos marcos legais que regulam os direitos dos povos indígenas na Constituição Federal brasileira, na Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho e no Tratado dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas da Organização das Nações Unidas, proporcionando inclusive salvaguardas do registro público bilíngue com tradutor juramentado para língua indígena, a quaisquer acordos e contratos entre associações indígenas e outras pessoas físicas ou jurídicas do Brasil ou do exterior;

b) Viabilizar o intercâmbio entre práticas terapêuticas tradicionais dos povos indígenas do continente americano através de eventos públicos ou reservados, convenções, workshops e congressos, supervisionando ou executando projetos em parcerias com outras instituições públicas ou privadas de cunho educativo cultural;

c) Fomentar a arte, a pesquisa e a documentação da cultura indígena tanto em seus aspectos de relações interculturais quanto de preservação das tradições étnicas, criando e gerindo mecanismos de aprimoramento e valorização dessa produção;

d) Desenvolver o acesso a cursos de capacitação em administração de projetos e modelos de autossustentabilidade para formação de jovens lideranças indígenas do Brasil e dos países com programas de intercâmbio cultural;

e) Defender um registro simplificado dos direitos de propriedade intelectual indígena enquanto patrimônio cultural coletivo, sem limitação de prazo, inalienáveis, extensíveis a todas as futuras gerações de cada etnia, pleiteando o estabelecimento de uma normativa global para os povos indígenas por parte dos organismos de comércio internacional.

Convite via Facebook 27 out 2012.
Maiores informações com Eduardo Bayer Karipunã

Conheça também:


“Rio Jordão: Povo Huni Kuin ‘gente verdadeira’ enfrenta a batalha na floresta”, no blog de Telma Monteiro (2007) clicando aqui.

"Blog do Povo Hunikuim" clicando aqui.

"Kaxinawá", na página dos Povos Indígenas do Brasil em Socioambiental clicando aqui.

“Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas: perguntas e respostas”, da UNESCO (2008), clicando aqui.

“Fórum Permanente para as questões Indígenas”, da ONU, clicando aqui.

“Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas”, da ONU (2007), clicando aqui.

 Foto: Detalhe do desenho Bane Huni Kuin (Cleiber Pinhiro Sales) no I Encontro de Artistas-Desenhistas Huni Kuin, disponível no blog de Ibã, Isaias Sales Hunikui, professor-pesquisador da aldeia Xiku Kurumi, Terra Indígena Alto Rio Jordão. Conheça mais clicando aqui.

Assista/leia a entrevista com o Txai Ibã - Isaias Sales Hunikui -, disponível abaixo/aqui.




Txai

"Mais que amigo,
Mais que irmão
a Metade de mim que existe em você
e a metade de você que habita em mim"

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Foro Nacional de Comunicación Indígena: Colombia . 26 al 30 de noviembre, 2012


Foro Nacional de Comunicación Indígena
Popayán, Cauca, Colombia
26 al 30 de noviembre, 2012

Hacia uma Política Pública Diferencial de Comunicación e Información para los Pueblos Indígenas de Colombia

Del 26 al 30 de noviembre, 2012, en Popayán. El Foro Nacional de Comunicación Indígena es el producto de un trabajo iniciado hace muchos años en Colombia, por ejemplo con la realización del Encuentro Nacional de Comunicación Indígena realizado en Silvia, Cauca, en el año 2006, y organizado por el CRIC, la ONIC y la Red-AMCIC. También es una de las tareas que se fijaron los comunicadores y las comunicadoras indígenas, junto con sus autoridades tradicionales, durante la 1ªCumbre Continental de Comunicación Indígena del Abya Yala, realizada en el Cauca, en el mes de noviembre de 2010.

En los últimos años, el papel de las comunicaciones en las comunidades y organizaciones indígenas ha sido cada vez más importante. Asimismo se ha posicionado en distintos espacios, tales como la Mesa Permanente de Concertación (MPC), el Programa Nacional de Garantías y en el Plan de Desarrollo del actual Gobierno, y se realizaron varias actividades de incidencia durante el año 2012: en la Cumbre de las Américas en Cartagena y ante el Foro Permanente para Asuntos Indígenas de las Naciones Unidas, con el objetivo de seguir consolidando la aspiración a la construcción de una política pública diferencial para los pueblos indígenas de Colombia.

De otra parte el Año 2012 ha sido declarado Año Internacional de la Comunicación Indígena. Es en este marco que se ha programado el Foro Nacional de Comunicación Indígena, como un amplio escenario de diálogo, reflexión e intercambio,  en el que participarán numerosas autoridades tradicionales y líderes de procesos de comunicación indígena, igual que representantes de instituciones públicas (MINTIC, MINCULTURA), movimientos sociales, académicos y expertos en comunicación que puedan contribuir a fortalecer los procesos de comunicación propia de los pueblos indígenas.


En este Foro Nacional de Comunicación Indígena, se espera identificar líneas estratégicas así como componentes y mecanismos que contribuyan a la construcción concertada de una Política Pública Diferencial de Comunicación e Información de los Pueblos Indígenas de Colombia y hacer visible la diversidad cultural, garantizar el derecho a la comunicación y la información, así como el acceso a los medios y nuevas tecnologías, a la producción de contenidos propios y a la circulación de los mismos, de acuerdo a la cosmovisión de cada uno de los pueblos indígenas del país.

Objetivos

Socializar los avances actuales en la construcción de una política pública diferencial de comunicación e información desde y para los pueblos indígenas de Colombia.

Conocer experiencias exitosas de políticas públicas de comunicación e información desarrolladas para pueblos indígenas en otros países del Abya Yala y del mundo.

Lograr acuerdos sobre una agenda propia de las organizaciones indígenas junto con los procesos, medios y colectivos de comunicación indígenas.

Diseñar una hoja de ruta para la construcción de la política pública diferencial de comunicación e información, desde los pueblos y las comunidades indígenas de Colombia.


Reproduzido de ONIC
24 out 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Salvar os Guarani-Kaiowá



Salvar os Guarani-Kaiowá

Por Elaine Tavares - jornalista

Aprendi com meu irmão, há muitos anos, que não há nada pior no humano do que a hipócrita (por vezes não intencional) musculação de consciência. E isso é coisa que acontece muito no meio daqueles que estão no topo ou no meio da pirâmide social. Olham para o sofrimento dos pobres - a comunidade das vítimas do sistema - como se fossem coitadinhos, e sentem pena. Podem até chorar diante de uma foto ou de uma dada situação. E desde sua pena, buscam ajudar, musculando a consciência. Um quilo de arroz numa campanha para vítimas da enchente, um agasalho para as entidades filantrópicas, uma doação ao “criança esperança”. Depois, consciência musculada, voltam a vida normal, certas de que fizeram tudo que podiam fazer. Arrisco dizer: isso não é suficiente. Apazigua a consciência, mas não muda as coisas.

Detectei essa reação nesses dias em que se resolveu prestar atenção ao sofrimento indígena. Um grupo de índios Guarani, do Mato Grosso do Sul, que desde há 500 anos vêm observando a estranha mania dos cristãos – seus dominadores - em se purificar no sacrifício, resolveu expor a chaga aberta do sofrimento de sua gente numa concreta vivência sacrificial. Ou lhes deixam viver nas suas terras, ou se matam, em grupo. Ato extremo, sofrimento extremo, decisão extrema. Então, como que atiçados pelo sempre excitante momento do sacrifício, as gentes brasileiras decidiram começar a falar do “absurdo” que é essa desesperada decisão. Assim, terminada a novela das oito, que segundo algumas vozes “parou o país”, agora as redes sociais e todos os que têm espaço de voz nos meios começaram a discutir a questão dos Guarani que estão prometendo se matar. Sinto aí certo cheiro de musculação de consciência.

O grito dos Guarani de Mato Grosso do Sul não é o primeiro nem será o último. Desde o momento em que os povos originários perceberam que a cruz e a espada que chegavam com os homens do além-mar eram armas de opressão, a luta pela manutenção do direito de viverem na sua terra, com seus deuses e do seu jeito, começou. Ao longo dos anos, com a colonização europeia, milhões de pessoas foram assassinadas, das formas mais cruéis, simplesmente porque atrapalhavam o caminho para o ouro e as riquezas do novo mundo. Essa gente desesperada que hoje grita em agonia por um naco de terra onde descansar a cabeça, é a mesma gente que antes da invasão aqui vivia em fartura, nas grandes cidades como Tenochtitlán, Cuzco, Tiuahanaco, maiores e mais populosas que Madrid, Lisboa ou Florença no mesmo tempo. Eram homens e mulheres que conheciam a astronomia, a matemática, a hidráulica, a engenharia. Eram os que experienciavam uma forma de vida comunitária, na qual ninguém passava fome, no mesmo tempo em que na Europa medieval as pessoas padeciam de fome crônica. E foram eles os considerados sem alma, os passíveis de todo o tipo de selvageria e escravidão, porque não falavam a língua espanhola ou portuguesa e professavam outra fé, na variedade dos deuses.

O grito dos Guarani de Mato Grosso do Sul é o mesmo grito do cacique da etnia Taíno, Hatuey, que, em 1511, poucos anos depois da invasão, ao descobrir que o deus verdadeiros daqueles homens era o ouro, viajou desde o Haiti até a ilha de Cuba, com 400 guerreiros, para avisar que o que chegava pelo mar era a destruição. Não foi escutado. Mesmo assim se dispôs a lutar contra os espanhóis e só parou quando foi capturado e morto na fogueira. Foi vencido pela força dos arcabuzes, tendo seu povo sido dizimado em castigo. Esse grito segue aí. Também continuam ressoando os gritos de Cuauhtemotzin, no México, quando em 1520 igualmente iniciou a resistência contra os espanhóis que haviam assassinado milhares na cidadela de Montezuma, e os de Ruminahuia, que na região de Quito também se levantou em rebelião contra os que queriam destruir seu mundo e o dos seus. E o que dizer dos Tamoios no Brasil de 1562, que chegaram a constituir uma confederação para enfrentar a vilania portuguesa?

Pois essa gente tem gritado, lutado, batalhado, peleado desde os primeiros momentos da invasão. E, desde sempre esses gritos foram abafados, porque os indígenas não eram vistos como seres capazes de gerir suas vidas. Eram homens e mulheres dominados que tinham de se render calados e servis. Só que nunca foi assim. A batalha pelo continente segue aí, desde então.

Mas, como sempre acontece, os vencedores impõem suas razões. Os povos indígenas foram dizimados em nome do progresso e do bem estar dos invasores. Os que valentemente sobraram acabaram confinados em reservas, ora como bichos raros, ora como coitadinhos e incapazes. Integrar o índio à sociedade passou a ser o mantra dos caridosos vencedores. E os que acreditaram no engodo já viram o que sucedeu. Incorporados a uma sociedade racista, patriarcal, capitalista, seguem sendo vistos como seres inferiores, mesmo os que chegaram aos mais altos postos da estrutura social. Índios, os seres sem alma.

Há poucos anos o país acompanhou a polêmica da reserva Raposa Terra do Sol, uma imensidão de terra indígena que os originários lograram garantir para si. Quem não se lembra dos ferozes argumentos da distinta sociedade pensante? “Para quê tanta terra para índios? O que eles vão fazer com isso? Vão destruir tudo e vender as madeiras.” Esse era o diapasão dos caridosos brasileiros. E as batalhas pela região do Xingu que estão aí, se arrastando há anos, sem que ninguém se apiede das almas das gentes que vão perder seus rios, seus deuses, seu território em nome de uma barragem para gerar energia aos estrangeiros. E os mesmos piedosos argumentam que “essa gente” (os índios) é o atraso, a decadência, o anacrônico, incapaz de ver a importância do progresso que virá com a devastação da Amazônia.

É que esses índios são os que, por estarem em grandes grupos e articulados com movimentos sociais, lutam. Travam a boa batalha contra a destruição do seu modo de vida. E como valentes guerreiros precisam enfrentar as armas inimigas que já não são só arcabuzes e cavalos. Vêm acompanhadas da mídia que fortalece pré-conceitos e visões pré-determinadas do poder. Esses, os “arruaceiros”, não são dignos de piedade por parte da sociedade que fica em frente à TV musculando sua consciência.

Então, das entranhas do cerrado mato-grossense, um pequeno grupo de Guarani-Kaiowá, que luta desde há anos por demarcação das terras, sofrendo violência, mortes, assassinatos, desaparição e o sistemático suicídio de seus jovens guerreiros, resolve usar a última arma que lhe resta: o próprio corpo, sua humanidade, o corpo coletivo de toda a gente. O drama dessas famílias vem sendo denunciado ano após ano pelos Cimi, por jornalistas, por estudiosos, por todos os que se importam, mas nunca tocou o coração das maiorias. O ataque diário dos fazendeiros, a violência da justiça local que não os escuta, o preconceito e o ódio dos que vivem na cidade, picados pela ideia de que os índios só atrapalham o progresso, tudo isso é tema de debate e denúncia nos fóruns de luta social. Mas, nunca houve piedade. As terras seguem sendo griladas, roubadas, subtraídas dos índios. A vida foi se extinguindo, o espaço se apequenando. Foi preciso um ato extremo, uma decisão de desespero, para que a nação se voltasse para esses que são os cordeiros de um novo sacrifício. Agora sim é a hora da compaixão. Os “atrasados” não estão armados, não estão em luta, não fazem arruaça. Eles desistiram. Não têm mais força. São muito poucos, estão sozinhos. Eles desistiram. Já não são mais “perigosos”. São apenas as ovelhas do sacrifício. Eles desistiram. Estão vencidos. Então, por esses sim, podemos rezar, chorar, nos apiedar. Sepulcros caiados. Sociedade apodrecida.

Arrisco dizer que os Guarani-Kaiowá sabem muito bem dessa hipocrisia ocidental, dessa pantomima que os piedosos gostam de fazer para parecerem bons. Ah, eles conhecem essa psicologia desde há 500 anos. E, agora, se valem disso para expor o seu drama e para testar a “bondade” branca. Mas, eles não estão brincando. Seu grito de agonia ecoa anos a fio. Nada nunca foi feito. Já basta. Não há sentido viver quando a vida não pode se fazer real. Diante de uma justiça que protege o rico, o grileiro, o ladrão; diante de uma sociedade que vê como normal a miséria e o abandono de famílias inteiras na beira da estrada; diante do opressivo preconceito que as pessoas da cidade manejam cotidianamente, o que fazer? Se vida não há, porque preservar um corpo? A lógica da simplicidade.

E os Guarani-Kaiowá colocam a sociedade brasileira diante de um dilema também. Salvá-los não basta. Definir uma terra para aquelas famílias não significa o fim do drama indígena no Brasil. O apressado movimento dos atletas de consciência em demarcar áreas para essas famílias em particular não acomodará as tensões que eclodem todos os dias nas áreas permanentemente em disputa entre indígenas e grileiros ou entre indígenas e Estado. Há que ultrapassar esse limite da resolução de um drama singular. Há que se colocar de frente com todos os conflitos. Há que se compreender a realidade indígena, conhecer seus costumes, seus deuses, seu modo de organizar a vida. Salvar os Guarani-Kaiowá de Mato Grosso do Sul não pode ser só um ato a mais de musculação de consciência, praticado numa situação específica, com um grupo específico. O drama indígena em “nuestra américa”, inaugurado com a valentia de Hatuey, atravessando perigosas ondas do Haiti até Cuba para anunciar a desgraça e conclamar a união na luta, não se esgota naquele grupo de homens, mulheres e crianças que hoje assumem a condição de cordeiros de sacrifício. Os indígenas não precisam de nossa pena, nem da nossa comiseração. Eles só precisam ser respeitados nos seus direitos e na sua vontade de ser quem são.

Os Guarani-Kaiowá estão a dar uma lição. Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça. E aprenda!

23 out 2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fórum Social Pan-Amazônico pede pela unidade dos povos da região em prol de um mundo melhor


Fórum Social Pan-Amazônico pede pela unidade dos povos da região em prol de um mundo melhor

Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital

De 28 de novembro a 1º de dezembro deste ano acontece em Cobija, Pando, na Bolívia, o VI Fórum Social Pan-Amazônico (FSPA) com o tema "Pela unidade dos povos da Amazônia para transformar o mundo”. Os/as interessados em participar poderão, em breve, fazer a inscrição. As informações estarão na página do evento, o blog www.vifspaamazonico.blogspot.com.

O Fórum irá se basear em quatro eixos temáticos: I. Colonialismo, neo-extrativismo e desenvolvimentismo; II. Impacto da crise mundial na Pan-Amazônia: caminhos e alternativas; III. Defesa e Exercício pleno dos direitos na Pan-Amazônia; e IV. Arte, cultura, comunicação, educação e luta social na Pan-Amazônia.

A Amazônia é reconhecida hoje como uma região que cumpre importante papel para a vida do planeta devido à sua enorme biodiversidade, capacidade de captura de carbono, e sua contribuição ao ciclo da água, além de ser considerada uma grande riqueza cultural dos povos indígenas e comunidades campesinas. E justamente por isso, por sua riqueza, a Amazônia desperta o interesse do capital extrativista e especulativo que vê na região uma fonte inesgotável de recursos.

É neste contexto que acontece o VI FSPA, em um momento em que o mundo está marcado por injustiças, consumismo e desigualdades, problemáticas instigadas por crises econômica, financeira, sociocultural e ambiental. De olhos abertos para esta realidade, os participantes do Fórum terão como papel ajudar a pensar como desenvolver novas formas de produção, de consumo, de governo, de convivência entre as pessoas, entre os povos e novas formas de convivência com a natureza.

Para os organizadores/as do VI Fórum Social Pan-Amazônico estes desafios poderão ser enfrentados "com a unidade das forças sociais que buscam práticas e transformações estruturais para uma nova maneira de viver”.

Programação

No dia 28, o credenciamento começa às 8h. Pela tarde (16h), a marcha dos povos sai da Ponte da Amizade. À noite (19h) acontece o ato de inauguração no Parque Piñata. O segundo dia (29) começa às 8h30 com as atividades autogestionadas. Depois de pausa para o almoço a programação será retomada às 14h30 para debates nos espaços temáticos sobre assuntos envolvendo os quatro eixos. Às 20h começará a noite cultural, que seguirá até às 23h.

No dia 30, sexta-feira, a programação já começa com os debates nos espaços temáticos. Pela tarde, a partir das 14h30, está previsto momento de Articulação de ações e planos de lutas Pan-Amazônicos. Das 20h às 23h acontecerá noite cultural.

O VI Fórum Social Pan-Amazônico chega ao fim no sábado, às 12h30, com leitura e aprovação da ‘Carta de Cobija’, documento final com propósitos e demandas.

Reproduzido de Adital
22 out 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

V Congreso Nacional de Comunicación Indígena en México: 25 y 26 de octubre del 2012




V Congreso Nacional de Comunicación Indígena en México

Este V Congreso es importante para continuar analizando los problemas, experiencias y posibilidades de la comunicación indígena al servicio de nuestros pueblos, de sus luchas y de sus aspiraciones.

Estamos conscientes que el camino no es fácil, un gobierno de la clase dominante deja el poder, sin resolver nuestras aspiraciones, y regresa un gobierno que en el período de campaña para acceder a la presidencia de la República, no abrió la puerta a los pueblos indígenas, por lo que, al no haber canales de comunicación, la  atención a  las cuestiones indígenas tiene mucha posibilidad de no cambiar su política pública hacia nuestros pueblos sino mantener la línea y la práctica de invisibilidad política, de dominio cultural, de manipulación y de discriminación racial y social.

En este contexto, tenemos la urgente necesidad de celebrar el V Congreso. La responsabilidad de realizar la II Cumbre Continental de Comunicación Indígena del Abya Yala está frente a nosotros y tenemos que definir estrategias y planear acciones para su justa y plena realización. Además tenemos que revisar la situación de la comunicación indígena en México.

Ante esta realidad, la Comisión de Seguimiento designada por el Congreso Nacional de Comunicación Indígena, con el apoyo de legisladores y legisladoras indígenas, en especial del Diputado Federal Náhuatl, Carlos de Jesús Alejandro, lanza la presente:

CONVOCATORIA AL V CONGRESO NACIONAL DE COMUNICACIÓN INDÍGENA

Que se efectuará bajo las siguientes bases:

I. LUGAR Y FECHA:

El V Congreso Nacional de la Comunicación Indígena se realizará en el Distrito Federal, en instalaciones de la Cámara de Diputados del Congreso de la Unión los días 25 y 26 de octubre del 2012.

II. OBJETIVOS:

1. Acordar estrategias, acciones y políticas para la realización de la II Cumbre Continental de Comunicación Indígena del Abya Yala que se efectuará del 7 al 13 de octubre del 2013 en Santa María Tlahuitoltepec, Oaxaca.

2. Profundizar en el análisis y definición de características de los alcances de la comunicación indígena en el siglo XXI o en las Sociedades del Conocimientos.

3. Analizar las posibilidades y condiciones, así como diseñar estrategias y acciones para promover con el Congreso de la Unión y en el período gubernamental 2012 – 2018, la legislación de la comunicación indígena.

4. Analizar y aprobar los objetivos y acciones principales del Plan
Nacional de la Comunicación Indígena de México.

Vea la Convocatoria aqui.

Más información: comunicacionabyayala@gmail.com

Via Te Pito O Te Henua Facebook

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"Eu apoio a causa indígena"



"Eu apoio a causa indígena"

ASSOCIAÇÃO JUÍZES PARA A DEMOCRACIA
Rua Maria Paula, 36 - 11º andar - conj. 11-B
São Paulo-SP – Brasil
CEP 01319-904

Fax: (11) 3105-3611
Fone: (11) 3242-8018
www.ajd.org.br - juizes@ajd.org.br

 Caro(a) assinante da carta "Eu apoio a causa indígena"

Olá!

As graves violações contra os povos indígenas continuam e aumentam a cada dia.

É preciso  que o Estado faça a sua parte.

A Campanha que pede :  (1) Urgência nos julgamentos, (2) Demarcação das terras e (3) é contra a PEC 215, já tem a adesão a sua adesão e de mais 7000 pessoas .

Nosso objetivo é chegar a 20 mil assinaturas.

Se cada assinante conseguir mais 3 pessoas para apoiarem a causa, chegaremos lá.

URGENTE: Pedimos que divulgue a campanha da forma que lhe for possível.

Compartilhe no facebook, divulgue no twitter, coloque em blog, envie e-mails, fale com os seus amigos e familiares. Você pode ver  a lista de assinantes (está em ordem numérica e alfabética) no site,  e pedir para aqueles que não assinaram ainda que o façam.

IMPORTANTE: NÃO ASSINE NOVAMENTE PARA NÃO TERMOS DUPLICIDADE.

Passe o link da campanha para frente:

Os povos indígenas não podem esperar mais