sexta-feira, 3 de maio de 2013

Feliz Chakana Raymi


A CRUZ E O ANTIGO PERU
FESTA DA CHAKANA - 03 DE MAIO

A CHAKANA e LLAMACÑAWIN

Quem disse que os antigos peruanos não conheciam a cruz?

O antropólogo da Universidade Católica, Juan Ossio sinaliza que se encontraram cruzes em um montão de petróglifos como em Toro Muerto, en Arequipa e também em murais de Chavín de Huantar e em muitos túmulos e templos pré -incaicos e incaicos. Entre os vários tipos de cruzes achadas nos Andes, existe uma em particular, revalorizada pelos grupos indianistas, chamada CHAKANA, que é uma cruz quadrada com as bordas escalonadas cujo centro é um círculo oco. Conta a tradição andina que o vazio central é o tecse mullo, ou seja o ovo cósmico, donde surgiu toda a criação, dividida em quatro reinos com três escalões cada um, que significam os três mundos: ucupacha,kaypacha,hananpacha.


Conforme Carlos Milla, autor do livro Gênesis da Cultura Andina, na CHAKANA está representado o valor de PI E A QUADRATURA DO CÍRCULO.

CHAKANA significa CRUZ DO SUL (cruzeiro do sul),constelação que era venerada em toda a região andina bem antes que viessem os espanhóis. Vemo-la no desenho do altar de Koricancha que fez o cronista índio Santa Cruz Pachacuti, antes que o altar fosse destruído. A Festa da Chakana se celebra até agora em 03 de maio, que é algo assim como advento do Ano Novo solar, segundo o calendário andino.

Diz-se que é a época em que a constelação da Cruz do Sul (Cruzeiro do Sul) adquire a forma astronômica de uma cruz perfeita, justamente no mês de maio, que é o tempo da colheita, ou seja, dos ritos de fertilidade da mãe terra.

Conforme a religiosidade popular se festeja com um crusvelacuy, que consiste em velar uma cruz por cinco dias. Huaman Poma menciona esta data como a festividade da Vera Cruz. Ainda podemos achar hoje a imagem da CHAKANA nos tecidos das comunidades nativas da selva. Outro costume que ainda sobrevive até nossos dias é colocar uma cruz nos cerros cultivados para protegê-los durante todo o ano agrícola. Assim como por uma cruz na ponta dos picos (ou no teto das casas). Outros lugares onde se colocam cruzes são as encruzilhadas. Chamam-nas de cruzes do caminho e estão cheias de sementes e outros elementos com a finalidade de incrementar seu poder mágico como um amuleto.


Conhecidas como CRUZ DO SUL E OLHOS DA LHAMA estas constelações caminham juntas e foram anunciadoras dos ciclos cósmicos e do advento da água como símbolo renovador e de limpeza. Estas constelações seguiram seu caminho especialmente entre os equinócios e os solistícios como antecessoras de fenômenos estelares.

A constelação do Cruzeiro do Sul ou Chakana é vista no nosso tempo no hemisfério austral. Séculos antes da chegada de Jesus, o Cristo, aparecia um pouco mais ao norte e podia ser observada no horizonte sul do Mediterrâneo, isto levou a que os gregos a associassem à constelação de Centauro, cujas estrelas Alfa e Beta estão alinhadas com a Chakana e recebem o nome de Lamacñawin (olhos da lhama). A Cruzeiro foi a principal constelação indicadora das coordenadas.

O sul é a direção mais fácil de ser encontrada, somente basta traçar uma linha desde a sua estrela superior projetando-a até sua estrela mais distante ou oposta, esta projeção nos assinala o céu do Sul. No século XV, Vasco da Gama descobriu A Cruzeiro do Sul em uma de suas viagens pelo sul da África e entrou nos catálogos do Ocidente a partir de 1603, graças à intervenção do astrônomo J.Bayer. Em Machu Picchu, a Mesa da Chakana ou Rocha de Oferendas é onde se observa o fenômeno no mês de maio ao amanhecer, numa projeção de luzes e sombras. Também na pedra que representa a constelação da Cruz, na Plaza Sagrada podemos observar a partir do amanhecer uma projeção de sombras que vai formando a silhueta da cabeça da Lhama, que à medida que o sol se ergue vai acordando.

A constelação do Cruzeiro do Sul serviu como base para a criação do símbolo escalonado perfeito que veio a ser a Chakana ou Cruz Andina, símbolo que foi o resultado da evolução do movimento da constelação. Em sua cosmovisão o homem andino viu que a Chakana estava sempre acompanhada de LLamacñawin ou Lhama Sideral e podemos vê-las no mês de maio quando a constelação da Chakana está na sua posição mais alta e vertical e Llamcñawin (olhos da lhama) a acompanha. Este acompanhamento tem um sentido simbólico-oculto, pois se diz que Os Olhos da Lhama, as estrelas Alfa e Beta de Centauro, sempre seguem a Chakana ou Cruz do Sul. Esta manifestação se movimenta paralelamente às estações de chuva e seca.

O símbolo da Chakana tem mais de 4.000 anos. A festa de 03 de maio coincide com o fim da época das colheitas e com base nas leis de reciprocidade com o cosmos, agradecem à Cruz do Sul que é fundamental para a informação sobre o desenvolvimento agrícola. Os ritos dão de purificação e reconhecimento dos ciclos da vida e por isso agradecem ao Sol(energia cósmica) e à Pachamama (que é a mãe terra) pela vida.

A CHAKANA representa O HOMEM COMPLETO.

El despertar del Puma - Caminho Iniciático
James Arévalo Merejodo - Chaski
Tradução - Claudette Grazziotin


Saiba mais clicando aqui.

Nenhum comentário: