Com casa, comida e roupa lavada, pode haver menor abandonado?
"Como se não bastasse o tremendo problema social que nós vivemos todos os dias nas ruas, com crianças sem teto (e a propaganda de Curitiba não consegue resolver isso), ainda temos essa outra questão. Cheias do “bom e do melhor”, muitas crianças acabam se ressentindo da ausência mais elementar: a mãe e/ou o pai.
Não era o Marx quem dizia que, na utopia comunista, as máquinas evoluiriam tanto que chegariam ao ponto de fazer os trabalhos humanos e, aí sim, homens e mulheres poderiam se dedicar às atividades que lhes dessem prazer? Bem, parcialmente, já vivemos isso. As máquinas de fato evoluíram muito, mas a barra da sustentação da casa continua pesada. Não só o homem não tem mais tempo livre como a mulher entrou com tudo no mercado de trabalho. Os casais dão um duro danado e muitas vezes as máquinas apenas os fazem trabalhar mais, já que os deixam mais conectados ao emprego por meio da internet, dos celulares etc. Para agravar, o trabalho ainda é muitas vezes visto de forma dissociada do prazer; é como se precisássemos trabalhar para termos condições – em um exíguo tempo livre – de viver, como se o trabalho não fosse vida e sim apenas um fardo necessário para poder passar melhor dois dias dos sete que a semana tem ou um mês dos doze que o ano tem (muitos não conseguem nem isso).
Nesse mundo louco do trabalho, eis que surge um rebento! Chupeta na boca, banhinho tomado com sabonete antialérgico, xampu que não irrita os olhos, quartinho decorado com os Backyardigans, tip-top da Tigor T Tigre ou da Lilica Ripilica, zilhões de brinquedos e ovos de chocolate de todos os tamanhos e temas e… Gugu dadá, cadê aqueles dois que de vez em quando aparecem? Como era mesmo a cara deles?
As variações são muitas: podemos pensar nos casais que ralam o dia todo e se martirizam por não dar a devida atenção aos pequeninos; podemos pensar também nos casais que confundem a criança com um brinquedo e logo se cansam, deixando 15 babás para tomar conta, indo de cima abaixo com a criaturinha; a preocupação consiste em encher a paciência das babás perguntando se a criança já tomou banho, já foi brincar no parque, comeu o que o cardápio do dia previa, já foi pra natação, já trocou as fraldas etc etc etc. Só falta perguntar pra babá se a criança já recebeu sua cota de quinze carinhos no dia – cinco beijos, cinco upas e cinco coisa fofa da mamãe.
Podemos alegar que, dessa forma, a criança, longe dos pais, vai aprender desde cedo a ter mais autonomia? Ou geram-se pessoas inseguras e sem referenciais? Como as escolas lidam ou devem lidar com isso? Há implicações no aprendizado?"
Leia o texto completo no Blog MidiaEducação do Colégio Medianeira, clicando aqui.
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